terça-feira, 30 de setembro de 2008
A lógica
Definição e Evolução da Lógica
Não há consenso quanto à definição da lógica. Alguns autores definem-na como o estudo do processos válidos e gerais pelos quais atingimos a verdade, outros como a ciência das leis do pensamento, ou somente como o estudo dos princípios da inferência válida. Esta pluralidade de definições dá-nos conta da diversidade de estudos que são abrangidos pela Lógica.
A lógica foi criada por Aristóteles, no século IV a.C., como uma ciência autónoma que se dedica ao estudo dos actos do pensamento - Conceito, Juízo, Raciocínio, Demonstração- do ponto de vista da sua estrutura ou forma lógica, sem ter em conta qualquer conteúdo material. É por esta razão que esta lógica aristotélica se designa também por lógica formal.
Em contraposição a este conceito de lógica formal, surgiu um outro - o de lógica material - para designar o estudo do raciocínio no que ele depende quanto ao seu conteúdo ou matéria.
Esta distinção entre lógica formal e lógica material permite-nos agora perceber porque:
Tendo em conta a sua forma, o raciocínio é correcto ou incorrecto ( válido ou invalido). Mas se atendermos à sua matéria, a conclusão pode ser verdadeira ou falsa.
Exemplo:
Nenhum homem sabe dançar
Este dançarino é homem
logo,
Este dançarino não sabe dançar
Este raciocínio é formalmente correcto, uma vez que a conclusão está correctamente deduzida. Mas a conclusão é falsa, uma vez que é falsa a primeira proposição("Nenhum homem sabe dançar"). Estamos perante um raciocínio que tem validade formal, mas não tem validade material. Logo temos que concluir que é falso.
Desde a sua criação a lógica tem registado enormes aperfeiçoamentos, sobretudo, a partir de meados do século XIX . É costume dividir-se a sua história em três períodos: Período Clássico, Período Moderno e Período Contemporâneo.
- Período Clássico ( Séc.IV a.C) até ao século XIX). A lógica formal aristótelica domina por completo este período. A lógica exprime-se numa linguagem natural. Dava uma enorme importância ao estudo dos raciocínios dedutivos, isto é, aqueles onde passamos do geral para o particular, do conhecido para o desconhecido. Os estudos de lógica davam grande ênfase à analise de enunciados que continham exactamente dois termos, dos quais se extraia uma dada conclusão. A lógica foi vista até ao século XVI como o principal instrumento do conhecimento científico: a) Os filósofos haviam estabelecido um conjunto de princípios, de natureza metafísica, que eram considerados não apenas verdadeiros, mas também como a explicação para tudo o que existia. Tudo havia sido deles derivado; b) Com base nestes princípios, os cientistas raciocinando de uma forma dedutiva, procuravam explicar todas as coisas que existiam e ocorriam. c) A lógica procurava definir as leis do pensamento que nos permitiam chegar à Verdade.
- Período Moderno (Século XIX a princípios do século XX). Tomando a matemática como modelo, lógicos como George Boole, Frege ou Bertrand Russell construíram uma linguagem artificial -simbólica para a expressão do conteúdo do pensamento lógico. O raciocínio é visto como cálculo matemático. Esta lógica é denomina lógica matemática ou simbólica.
- Período Contemporâneo (Século XX ). Assiste-se neste período à expansão e diversificação da lógica matemática, o que se traduz no aparecimento de novos ramos no estudo da lógica, tais como:
- Lógica Combinatória (estuda certos processos ralacionados com variáveis),
- Lógica Modal ( estuda as conexões entre os enunciados tendo em conta a sua modalidade);
- Lógica Polivalente (estuda os calculos que contemplam mais de dois valores (verdadeiro ou falso) para o mesmo enunciado.
- Lógica Deontica (estuda os enunciados normativos sob o ponto de vista lógico)
A lógica matemática veio exercer uma influência decisiva em muitos domínios Tais como:Electrónica, Cibernética, Informática, Neurofisiologia, Linguística, Inteligência Artificial...
domingo, 28 de setembro de 2008
um fio condutor...
FILOSOFIA
- A Incansável Busca Pela Sabedoria -
A palavra Filosofia deriva do grego "PHILOSOPHIA"
SOPHIA significa SABEDORIA
PHILO significa "Amor Filial", ou Amizade
Literalmente, um Filósofo é um AMIGO, ou AMANTE de SOPHIA, alguém que admira e busca a SABEDORIA
Esse termo foi usado pela primeira vez pelo famoso Filósofo Grego PITÁGORAS por volta do século V aC, ao responder a um de seus discípulos que ele não era um "Sábio", mas apenas alguém que amava a Sabedoria.
Filosofia é então a busca pelo conhecimento último e primordial, a Sabedoria Total.
Embora de um modo ou de outro o Ser Humano sempre tenha exercido seus dons filosóficos, a Filosofia Ocidental como um campo de conhecimento coeso e estabelecido, surge na Grécia Antiga com a figura de TALES de MILETO, que foi o primeiro a buscar uma explicação para os fenômenos da natureza usando a Razão e não os Mitos, como era de costume.
Assim como a Religião, ela também já teve sua morte decretada. No entanto a Filosofia Ocidental perdura há mais de 2.500 anos, tendo sido a Mãe de quase todas as Ciências. Psicologia, Antropologia, História, Física, Astronomia e praticamente qualquer outra derivam directa ou indirectamente da Filosofia. Entretando as "filhas" ciências, ocupam-se de objectos de estudo específicos, e a "Mãe" ocupa-se do "Todo", da totalidade do real.
Nada escapa à investigação filosófica. A amplitude de seu objecto de estudo é tão vasta, que foge à compreensão de muitas pessoas, que chegam a pensar ser a Filosofia uma actividade inútil. Além disso, o seu significado também é muito distorcido no conhecimento popular, em que muitas vezes a reduz a qualquer conjunto simplório de idéias específicas, as "filosofias de vida", ou basicamente a um exercício poético.
Entretanto como sendo praticamente o ponto de partida de todo o conhecimento humano organizado, a Filosofia estudou tudo o que pode, estimulando e produzindo os mais vastos campos do saber, mas sendo diferente da Ciência, a Filosofia não é empírica, ou seja, não faz Experiências. Mesmo por que geralmente os seus objectos de estudo não são acessíveis ao Empirismo.
A RAZÃO e a INTUIÇÃO são as principais ferramentas da Filosofia, que tem como fundamento a contemplação, o deslumbramento pela realidade, a vontade de conhecer, e tendo como método primordial a rigorosidade do raciocínio, para atingir a estruturação do pensamento e a organização do saber.
Academicamente, a Filosofia é dividida em:
ANTIGA
- do século VIaC até VIdC -
Foi a era dos pré-socráticos, os filósofos da natureza, os Atomistas, os sofistas, de Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Plotino e etc. Esses filósofos simplesmente construíram toda a estrutura de nosso conhecimento. Tudo o que temos hoje deve-se ao progresso promovido pelos gregos antigos, ainda que a maior parte dele tenha permanecido adormecido por mil anos. O Universo foi a principal preocupação nesta época.
MEDIEVAL
- do século IIdC até XVdC -
A era da Filosofia Cristã, da Teologia Revelada, da tradição escolástica. A preocupação principal dos filósofos era Deus. Alguns deles foram canonizados, como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Surge a Navalha de Guilherme de Occam, que mais tarde viria a ser a ferramenta básica da Ciência.
MODERNA
- do século XVIIaC até XIXdC -
Surge juntamente com o Renascimento o despertar científico, que recupera a sabedoria da Grécia Antiga. O Racionalismo Cartesiano, o Empirismo, o retorno do Cepticismo e muitos outros movimentos deram impulso à Ciência. Descartes imortalizou o "Penso Logo Existo" como um ponto de partida para a construção de um conhecimento seguro. Mais tarde Karl Marx lança as bases do Socialismo, e Adam Smith estrutura o Capitalismo. O enfoque de aí em diante centrou-se no Ser Humano e as suas possibilidades.
CONTEMPORÂNEA
- do XIXdC até... -
Os novos desafios no mundo actual surgem sob a forma da Emancipação Feminina, o rompimento definitivo dos Governos com as Igrejas Cristãs, o Existencialismo, o ênfase na Linguística, e mais recentemente o Estruturalismo e o Desconstrutivismo de Derrida. Alguns nomes já se imortalizaram, como Sartre, Simone de Beauvoir ou Michael Foucalt.
descobre quem são!!
OS FILÓSOFOS DA NATUREZA
(do livro "O mundo de sofia" de Jostein Gaarder.)
Os primeiros filósofos gregos são frequentemente chamados de “filósofos da natureza”, porque se interessavam sobretudo pela natureza e pelos processos naturais.
Já tivemos oportunidade de nos perguntar de onde vêm todas as coisas. Hoje em dia muitas pessoas acreditam, umas mais, outras menos, que em algum momento tudo surgiu do nada. Este pensamento não era muito difundido entre os gregos. Por alguma razão, eles sempre partiam do facto de que sempre existiu “alguma coisa”.
A grande questão, portanto, não era saber como tudo surgiu do nada. O que instigava os gregos era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida, se podia transformar em árvores frondosas ou em flores multicoloridas. Tudo isto sem falar em como um bebé podia sair do corpo da sua mãe!
Os filósofos viam com seus próprios olhos que havia constantes transformações na natureza. Mas como estas transformações eram possíveis? Como é que uma substância podia transformar-se em algo completamente diferente, numa forma de vida, por exemplo?
Os primeiros filósofos tinham uma coisa em comum: eles acreditavam que determinada substância básica estava por trás de todas essas transformações. Não é muito fácil explicar como eles chegaram a esta idéia. Sabemos apenas que ela se desenvolveu a partir da noção de que deveria haver uma substância básica, que fosse a causa oculta, por assim dizer, de todas as transformações da natureza.
Para nós, o mais interessante não é saber que respostas esses primeiros filósofos encontraram. O interessante é saber que perguntas eles fizeram e que tipo de resposta buscavam. Mais importante para nós é saber como, e não o que eles pensavam exatamente.
Sabemos que eles colocavam questões referentes às transformações que podiam observar na natureza, na tentativa de descobrir algumas leis naturais que fossem eternas. Eles queriam entender os fenómenos naturais, sem ter que para isto recorrer aos mitos. Interessava-lhes, sobretudo, tentar entender por si mesmos os processos naturais, por meio da observação da natureza. E isto era algo completamente diferente da tentativa de explicar raios e trovões, inverno e primavera por referência a acontecimentos no mundo dos deuses.
E assim a filosofia libertou-se da mitologia. Podemos dizer que os filósofos da natureza deram os primeiros passos na direcção de uma forma científica de pensar. E com isto, deram o pontapé inicial para todas as ciências naturais, surgidas posteriormente.
A maior parte de tudo o que os filósofos da natureza disseram e escreveram ficou perdida para a posteridade. E a maior parte do pouco que sabemos está nos escritos de Aristóteles, que viveu duzentos anos depois dos primeiros filósofos. Mas Aristóteles apenas sintetiza os resultados a que tinham chegado os filósofos que viveram antes dele. Isto significa que nem sempre é possível sabermos como eles chegaram às suas conclusões. O que sabemos, porém, é suficiente para podermos afirmar que o projecto dos primeiros filósofos gregos englobava questões relacionadas à substância básica por detrás das transformações ocorridas na natureza.
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